Filosofia: Filosofia Moral


1. Qual é a diferença entre existência moral e filosofia moral?

  • Existência moral: o simples viver humano orientado por valores, regras, costumes — mesmo sem reflexão sistemática.

  • Filosofia moral: reflexão crítica sobre os fundamentos da moral, seus princípios e sua validade. É a passagem da prática cotidiana à teoria.


2. O que quer dizer ética? E moral?

  • Ética: do grego ethos, reflexão filosófica sobre os princípios que orientam a vida boa, justa e virtuosa. É o campo teórico.

  • Moral: do latim mos, moris (costume). Conjunto de normas e valores efetivamente vividos por uma comunidade. É o campo prático.


3. Quais os três grandes princípios da vida moral afirmados pelo pensamento antigo?

  1. Autoconhecimento (gnôthi seautón – “conhece-te a ti mesmo”).

  2. Moderação (sophrosyne – equilíbrio e domínio de si).

  3. Busca da felicidade/bem supremo (eudaimonía – vida realizada em harmonia com a razão e a virtude).

4. Como era concebida a ética antiga?

A ética antiga (grega/helênica) era eudaimonista: visava a felicidade como bem supremo. A felicidade dependia da virtude (areté), ou seja, viver em conformidade com a razão, a natureza e a cidade.

5. Que inovações éticas surgiram com o advento do cristianismo?

  • Ênfase na igualdade de todos diante de Deus.

  • Valorização da intenção interior mais que do ato exterior.

  • Centralidade do amor (ágape) e da caridade.

  • Introdução da ideia de universalidade moral (todos são chamados à mesma dignidade).

6. Por que o cristianismo introduziu a ideia de dever?

Porque a moral cristã se baseia em mandamentos divinos universais, que valem para todos independentemente das circunstâncias. O ato não depende só do desejo ou da busca da felicidade, mas de um compromisso com a lei moral revelada.

7. O que é a ideia de intenção?

É o motivo interior que move uma ação. No cristianismo e em várias éticas modernas, o valor moral do ato depende não só do que se faz, mas do porquê se faz. Ex.: ajudar alguém por amor ≠ ajudar apenas por interesse.

8. O que é o imperativo categórico de Kant?

É a lei moral universal formulada pela razão, que deve ser seguida por dever e não por conveniência.
Formulação principal: “Age apenas segundo uma máxima tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne lei universal.”

9. Quais são as máximas morais kantianas?

Kant apresenta três formas equivalentes do imperativo categórico:

  1. Universalidade: só aja conforme regras que possam valer universalmente.

  2. Humanidade: trata a humanidade, em ti e no outro, sempre como um fim e nunca apenas como um meio.

  3. Autonomia: age como legislador de uma comunidade universal de seres racionais.

10. O que são, para Espinosa, as paixões? Quais são, para esse pensador, as paixões originais?

  • Paixões: afecções da alma que resultam da nossa passividade diante de causas externas.

  • Paixões originais: alegria, tristeza e desejo. Destas derivam todas as outras.

11. Como se dá, segundo Espinosa, a passagem da passividade (submissão passional às causas externas) à virtude?

O homem é passivo quando dominado pelas paixões (afetos externos). Ele se torna virtuoso quando, pela razão, transforma esses afetos em ações ativas, compreendendo suas causas. Assim alcança a liberdade interior e a alegria racional.

12. Quais são as diferenças entre necessidade, desejo e vontade?

  • Necessidade: algo indispensável à vida (alimentar-se, dormir).

  • Desejo: inclinação ou impulso para satisfazer algo, mas não necessariamente essencial.

  • Vontade: capacidade racional de escolher e deliberar entre diferentes desejos e necessidades, orientando-os a um fim.

13. Explique as concepções de Nietzsche de "moral dos escravos" e "moral dos senhores".

  • Moral dos senhores: própria dos fortes, nobres, guerreiros. Baseia-se em afirmar a vida, exaltar valores como força, coragem, orgulho, criação.

  • Moral dos escravos: própria dos fracos e oprimidos. Surge como ressentimento contra os fortes, invertendo valores: chama “bom” o que é humilde, manso, obediente; chama “mau” o que é forte e afirmativo.

 Nietzsche critica a moral dos escravos (associada ao cristianismo e à modernidade) por negar a vida e promover valores de submissão.

13. Mostre como Kant procurou resolver os problemas éticos acarretados pela ideia de dever.

O problema do dever

Com o cristianismo e as éticas modernas, a moral passa a se basear na ideia de dever (obedecer à lei moral porque ela é lei).
Mas isso gera dificuldades:

  • O dever pode parecer externo, imposto de fora.

  • Pode reduzir a moral a uma obediência cega ou heterônoma (dependente de Deus, da tradição, da autoridade).

  • Risco de transformar a moral em mera disciplina, sem liberdade interior.

A solução de Kant

Kant propôs uma ética da autonomia da razão:

  1. O dever não vem de fora (de Deus, da sociedade), mas da própria razão prática do sujeito.

  2. A moral deve ser universal: só é válido agir de acordo com regras que todos poderiam adotar (imperativo categórico).

  3. O cumprimento do dever deve ser autônomo: o sujeito age livremente porque reconhece a lei em si mesmo, e não por medo ou recompensa.

  4. A verdadeira moralidade não está nas consequências, mas na intenção: a boa vontade é aquela que age por dever, não por interesse.

 Em síntese

Kant resolveu o problema ético do dever ao mostrar que:

  • O dever não é uma imposição externa, mas a expressão da liberdade racional.

  • Cumprir o dever é ser autônomo e livre, não submisso.

  • Assim, a moralidade é universal, racional e válida para todo ser humano.

14. Elabore um quadro em que fiquem evidenciadas as diferenças e as semelhanças entre as várias filosofias morais no que se refere à virtude, ao vício, ao necessário, ao possível, à paixão, à ação, à obediência e à autonomia.

 

Conclusão

  • Semelhanças: Todas as filosofias buscam orientar a vida humana para um bem maior (felicidade, salvação, liberdade, potência ou afirmação da vida).

  • Diferenças: variam na origem da norma (razão, Deus, paixão, vontade de poder), no papel da paixão (domínio, sublimação ou valorização) e na autonomia (desde a obediência externa até a criação de valores próprios).


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