-
Existência moral: o simples viver humano orientado por valores, regras, costumes — mesmo sem reflexão sistemática.
-
Filosofia moral: reflexão crítica sobre os fundamentos da moral, seus princípios e sua validade. É a passagem da prática cotidiana à teoria.
-
Ética: do grego ethos, reflexão filosófica sobre os princípios que orientam a vida boa, justa e virtuosa. É o campo teórico.
-
Moral: do latim mos, moris (costume). Conjunto de normas e valores efetivamente vividos por uma comunidade. É o campo prático.
-
Autoconhecimento (gnôthi seautón – “conhece-te a ti mesmo”).
-
Moderação (sophrosyne – equilíbrio e domínio de si).
-
Busca da felicidade/bem supremo (eudaimonía – vida realizada em harmonia com a razão e a virtude).
-
Ênfase na igualdade de todos diante de Deus.
-
Valorização da intenção interior mais que do ato exterior.
-
Centralidade do amor (ágape) e da caridade.
-
Introdução da ideia de universalidade moral (todos são chamados à mesma dignidade).
Porque a moral cristã se baseia em mandamentos divinos universais, que valem para todos independentemente das circunstâncias. O ato não depende só do desejo ou da busca da felicidade, mas de um compromisso com a lei moral revelada.
É o motivo interior que move uma ação. No cristianismo e em várias éticas modernas, o valor moral do ato depende não só do que se faz, mas do porquê se faz. Ex.: ajudar alguém por amor ≠ ajudar apenas por interesse.
É a lei moral universal formulada pela razão, que deve ser seguida por dever e não por conveniência.
Formulação principal: “Age apenas segundo uma máxima tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne lei universal.”
Kant apresenta três formas equivalentes do imperativo categórico:
-
Universalidade: só aja conforme regras que possam valer universalmente.
-
Humanidade: trata a humanidade, em ti e no outro, sempre como um fim e nunca apenas como um meio.
-
Autonomia: age como legislador de uma comunidade universal de seres racionais.
-
Paixões: afecções da alma que resultam da nossa passividade diante de causas externas.
-
Paixões originais: alegria, tristeza e desejo. Destas derivam todas as outras.
O homem é passivo quando dominado pelas paixões (afetos externos). Ele se torna virtuoso quando, pela razão, transforma esses afetos em ações ativas, compreendendo suas causas. Assim alcança a liberdade interior e a alegria racional.
-
Necessidade: algo indispensável à vida (alimentar-se, dormir).
-
Desejo: inclinação ou impulso para satisfazer algo, mas não necessariamente essencial.
-
Vontade: capacidade racional de escolher e deliberar entre diferentes desejos e necessidades, orientando-os a um fim.
-
Moral dos senhores: própria dos fortes, nobres, guerreiros. Baseia-se em afirmar a vida, exaltar valores como força, coragem, orgulho, criação.
-
Moral dos escravos: própria dos fracos e oprimidos. Surge como ressentimento contra os fortes, invertendo valores: chama “bom” o que é humilde, manso, obediente; chama “mau” o que é forte e afirmativo.
O problema do dever
Com o cristianismo e as éticas modernas, a moral passa a se basear na ideia de dever (obedecer à lei moral porque ela é lei).
Mas isso gera dificuldades:
-
O dever pode parecer externo, imposto de fora.
-
Pode reduzir a moral a uma obediência cega ou heterônoma (dependente de Deus, da tradição, da autoridade).
-
Risco de transformar a moral em mera disciplina, sem liberdade interior.
A solução de Kant
Kant propôs uma ética da autonomia da razão:
-
O dever não vem de fora (de Deus, da sociedade), mas da própria razão prática do sujeito.
-
A moral deve ser universal: só é válido agir de acordo com regras que todos poderiam adotar (imperativo categórico).
-
O cumprimento do dever deve ser autônomo: o sujeito age livremente porque reconhece a lei em si mesmo, e não por medo ou recompensa.
-
A verdadeira moralidade não está nas consequências, mas na intenção: a boa vontade é aquela que age por dever, não por interesse.
Em síntese
Kant resolveu o problema ético do dever ao mostrar que:
-
O dever não é uma imposição externa, mas a expressão da liberdade racional.
-
Cumprir o dever é ser autônomo e livre, não submisso.
-
Assim, a moralidade é universal, racional e válida para todo ser humano.
Conclusão
-
Semelhanças: Todas as filosofias buscam orientar a vida humana para um bem maior (felicidade, salvação, liberdade, potência ou afirmação da vida).
-
Diferenças: variam na origem da norma (razão, Deus, paixão, vontade de poder), no papel da paixão (domínio, sublimação ou valorização) e na autonomia (desde a obediência externa até a criação de valores próprios).


Nenhum comentário:
Postar um comentário