Filosofia: A Filosofia


1. O que quer dizer a palavra filosofia? Que sentido lhe deu Pitágoras de Samos?

A palavra filosofia vem do grego philo (amizade, amor, afinidade) e sophia (sabedoria). Assim, significa “amor à sabedoria”. Foi Pitágoras de Samos (séc. VI a.C.) quem, segundo a tradição, utilizou pela primeira vez o termo. Ele não se considerava um “sábio” (sophós), pois achava que a sabedoria plena pertencia apenas aos deuses. Em vez disso, se definiu como “filósofo”, ou seja, aquele que busca e ama a sabedoria, sem jamais possuí-la totalmente. Nesse sentido, filosofia não é “ter o saber absoluto”, mas uma busca constante pelo conhecimento, pela verdade e pela compreensão da realidade.

2. O que significa afirmar que a filosofia é grega?

Quando se diz que a filosofia é grega, significa que ela surgiu como uma forma racional, crítica e sistemática de pensar o mundo na Grécia Antiga (séculos VII–VI a.C.).
Outros povos antigos (como egípcios, babilônios e hindus) já possuíam mitos, religiões e conhecimentos avançados (matemática, astronomia, medicina). Mas a filosofia, no sentido de explicação racional — baseada na argumentação lógica, na observação da natureza e no questionamento crítico — nasceu na Grécia.

Assim, dizer que a filosofia é grega não significa que apenas os gregos pensaram, mas que foram eles que transformaram o pensar em investigação racional organizada, inaugurando um novo modo de buscar respostas sem recorrer apenas ao mito ou à tradição.

3. Como surgiu a filosofia?

A filosofia surgiu na Grécia Antiga, por volta do século VII a.C., na região da Jônia (atual Turquia).
Ela nasceu como uma tentativa de explicar racionalmente o mundo, a natureza e a vida humana, superando as explicações míticas e religiosas. Os primeiros filósofos, chamados pré-socráticos, buscavam as causas (arché) que explicassem a origem de todas as coisas.

4. Qual a diferença entre mito e filosofia?

  • Mito:

    • É uma narrativa tradicional, geralmente de caráter religioso.

    • Explica o mundo e os fenômenos naturais com base em histórias de deuses e heróis.

    • Não se preocupa em justificar racionalmente, mas em manter tradições e crenças coletivas.

  • Filosofia:

    • Baseia-se na razão, na reflexão e na argumentação lógica.

    • Busca explicações universais, fundamentadas em causas racionais e não em histórias sagradas.

    • Estimula o questionamento e a crítica.

O mito é uma explicação imaginativa e sagrada, enquanto a filosofia é uma explicação racional e crítica.

5. Que condições históricas permitiram o nascimento da filosofia na Grécia?

Alguns fatores que favoreceram:

  1. Contato cultural: os gregos tinham intenso comércio marítimo, o que possibilitou contato com outros povos (egípcios, babilônios, fenícios), ampliando o conhecimento.

  2. Democracia e política: nas cidades-estado (pólis), especialmente em Atenas, havia debates públicos, estimulando o raciocínio crítico.

  3. Escrita e alfabetização: o uso do alfabeto facilitou o registro e a difusão das ideias.

  4. Ausência de um dogma religioso rígido: diferente de outras civilizações, a religião grega era mais aberta, permitindo liberdade para questionar.

6. Mencione três características da filosofia nascente

  1. Busca racional pela verdade – explicações baseadas na razão, não em mitos.

  2. Investigação da natureza (physis) – os primeiros filósofos procuravam a causa fundamental (arché) de todas as coisas (água, ar, fogo, ápeiron etc.).

  3. Caráter crítico e questionador – não aceitava respostas prontas, mas exigia argumentação lógica.

7. O que quer dizer cosmologia? O que foi o período cosmológico?

  • Cosmologia: é o estudo racional da origem, ordem e estrutura do universo (cosmos = mundo ordenado).

  • Período cosmológico: também chamado de período da filosofia da natureza, corresponde à fase dos filósofos pré-socráticos (séc. VII a V a.C.).

Foi o período em que a filosofia se dedicou principalmente a explicar a origem e constituição do universo.

8. O que foi o período socrático?

  • Ocorreu a partir do século V a.C., com Sócrates como figura central.

  • Marcou a transição da investigação da natureza (physis) para a investigação do ser humano.

  • Os filósofos desse período passaram a se preocupar com:

    • Ética

    • Virtude

    • Política

    • Conhecimento humano

  • Sócrates usava o método dialético (diálogo, perguntas e respostas) para estimular o pensamento crítico.

O período socrático foi a fase em que a filosofia voltou-se do estudo da natureza para o estudo do homem e da vida em sociedade.

9. O que foi o período sistemático?

  • Também chamado de período clássico ou sistematizador.

  • Desenvolveu-se no século IV a.C., após Sócrates, com Platão e Aristóteles.

  • Características principais:

Foi o período em que a filosofia ganhou estrutura organizada e sistemática, abordando o conjunto da realidade de forma mais completa.

10. O que foi a Patrística?

  • A Patrística foi a fase inicial da filosofia cristã, entre os séculos II e V.

  • O nome vem dos "Padres da Igreja" (Patres), que buscavam conciliar a fé cristã com elementos da filosofia greco-romana.

  • Seu objetivo principal era defender e explicar racionalmente a fé cristã, combatendo heresias e críticas de filósofos pagãos.

  • O maior representante foi Santo Agostinho.

A Patrística uniu filosofia e teologia para fundamentar o cristianismo no mundo antigo.

11. Apresente as principais características da filosofia medieval.

  • Centralidade da religião: a filosofia estava a serviço da teologia, sendo chamada de ancilla theologiae (“serva da teologia”).

  • Busca da conciliação entre fé e razão: explicar racionalmente os mistérios da fé.

  • Escolástica: método de ensino e reflexão baseado em debates, lógica e comentários de textos (ex.: Santo Tomás de Aquino).

  • Dualidade: o mundo terreno visto como passageiro, em contraste com a vida eterna.

  • Questão de Deus: principais discussões giravam em torno da existência e atributos de Deus, do homem e da salvação.

A filosofia medieval foi profundamente religiosa, racionalizante e argumentativa.

12. Quais as principais características do período moderno da filosofia?

O período moderno (séculos XV–XVIII) marcou uma ruptura com a filosofia medieval. Suas características:

  • Valorização da razão autônoma (racionalismo e empirismo).

  • Crítica à tradição: rejeição da autoridade cega da Igreja e dos antigos.

  • Método científico: busca por conhecimento fundamentado em observação, experimentação e dedução lógica.

  • Individualismo: centralidade do sujeito (ex.: Descartes – “penso, logo existo”).

  • Humanismo: foco no ser humano, em sua dignidade e liberdade.

 Foi o início da filosofia com base científica, crítica e antropocêntrica.

13. O que quer dizer Ilustração ou Iluminismo?

  • A Ilustração ou Iluminismo foi um movimento filosófico, científico e cultural do século XVIII.

  • Defendia a luz da razão contra as “trevas da ignorância e do dogmatismo”.

  • Características principais:

    • Valorização da ciência e do conhecimento racional.

    • Crítica à Igreja e ao absolutismo monárquico.

    • Defesa da liberdade, igualdade e progresso.

    • Enciclopedismo: busca reunir todo o conhecimento humano (Diderot e d’Alembert).

  • Representantes: Voltaire, Montesquieu, Rousseau, Kant.

 Em resumo: Iluminismo foi o movimento que colocou a razão como guia da humanidade, inspirando transformações políticas (Revolução Francesa, Independência dos EUA) e sociais.

14. Qual a diferença entre o século XIX e o XX quanto à idéia de História?

  • Século XIX:

    • Havia uma visão linear e progressiva da história.

    • Acreditava-se que a humanidade caminhava de forma contínua rumo ao progresso, à racionalidade e à civilização.

    • O modelo de evolução histórica era otimista (ex.: positivismo de Comte, ideia de progresso científico e social).

  • Século XX:

    • A visão progressiva foi abalada pelas duas guerras mundiais, genocídios, totalitarismos e crises econômicas.

    • A história passou a ser vista como contingente, fragmentada e marcada por rupturas, sem garantia de progresso contínuo.

    • Surgiram perspectivas mais críticas (ex.: Escola de Frankfurt, pós-modernismo).

Resumindo: no XIX, a história era vista como linear e progressiva; no XX, como complexa, incerta e sujeita a retrocessos.

15. O que é finitude e por que a filosofia se interessa por ela?

  • Finitude: significa que o ser humano é limitado, mortal, não eterno.

  • A filosofia se interessa por esse tema porque:

    • Nos leva a refletir sobre o sentido da vida e da morte.

    • Ajuda a compreender a condição humana, marcada pela passagem do tempo, pelas escolhas e pela consciência da mortalidade.

    • Abre espaço para debates existenciais (como em Kierkegaard, Heidegger, Sartre) e éticos (como viver sabendo que somos finitos?).

 Em resumo: a finitude interessa à filosofia porque é o limite que nos faz pensar sobre a vida, o ser e o sentido da existência.

16. Quais os campos de trabalho da filosofia?

A filosofia não é só teoria — ela também atua em vários campos:

  • Ensino e pesquisa (escolas, universidades).

  • Ética aplicada (bioética, ética empresarial, deontologia).

  • Política e sociedade (consultorias, ONGs, direitos humanos, debates públicos).

  • Ciência e tecnologia (fundamentos teóricos, implicações éticas das inovações).

  • Psicologia e psicanálise (existencialismo, fenomenologia, fundamentos teóricos).

  • Comunicação e cultura (crítica da mídia, análise cultural, artes).

  • Mercado de trabalho amplo: produção de conteúdo, consultoria em pensamento crítico, curadoria de conhecimento.

 Em resumo: a filosofia é útil onde há necessidade de pensar criticamente, fundamentar conceitos e analisar valores.

17. Destaque um dos legados da filosofia grega e comente-o.

Um dos grandes legados foi a racionalidade crítica.

  • Os gregos ensinaram que o mundo pode ser compreendido pela razão, não apenas por mitos ou tradições.

  • Esse legado deu origem ao método dialógico e argumentativo, usado até hoje na ciência, no direito e na política.

Em resumo: o espírito crítico grego inaugurou a ideia de que o conhecimento deve ser buscado com argumentos e não aceito apenas por autoridade.

18. Comente a tese orientalista e a do "milagre grego", referentes ao nascimento da filosofia.

  • Tese orientalista: defende que a filosofia grega nasceu da influência de povos orientais (egípcios, babilônios, persas). Os gregos teriam herdado saberes matemáticos, astronômicos e religiosos desses povos e sistematizado de forma nova.

  • Tese do “milagre grego”: afirma que a filosofia nasceu exclusivamente na Grécia, como algo original, fruto da democracia, da polis e do espírito crítico dos gregos.
     

Hoje, muitos estudiosos entendem que houve influência oriental, mas também originalidade grega na forma racional e crítica de pensar. 

19. Explique a diferença entre o período medieval e o renascentista.

  • Período Medieval (séc. V–XV):

    • A filosofia estava subordinada à teologia (ancilla theologiae).

    • O pensamento era voltado para Deus, a salvação e a vida eterna.

    • O saber valorizava a fé como ponto de partida.

  • Período Renascentista (séc. XV–XVI):

    • Retomada do humanismo e do interesse pelo ser humano e pela natureza.

    • Redescoberta dos textos da Antiguidade clássica.

    • Valorização da ciência, da arte e da autonomia da razão.

 Diferença central: a Idade Média era teocêntrica, enquanto o Renascimento era antropocêntrico (colocava o homem no centro das reflexões).

20. Examine as diferenças entre o século XIX e o XX e comente o otimismo do primeiro e o pessimismo do segundo.

  • Século XIX:

    • Predominava o otimismo em relação ao progresso humano.

    • Crença de que a ciência e a técnica levariam à ordem, ao desenvolvimento e à melhoria da humanidade (ex.: positivismo de Comte).

    • Ideia de história linear e de avanço contínuo.

  • Século XX:

    • Esse otimismo foi abalado por duas guerras mundiais, genocídios, bombas atômicas, totalitarismos e crises ambientais.

    • Passou-se a uma visão mais pessimista ou crítica, que via a ciência e a história não apenas como progresso, mas também como risco, destruição e incerteza.

O século XIX acreditava no progresso inevitável, enquanto o século XX mostrou os limites e perigos desse progresso.

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